“É um documento que olha para o futuro da agricultura biológica como uma oportunidade que temos na região para crescer neste domínio, para que possamos aumentar as áreas afetas à produção em modo biológico e que isso seja também visto como uma oportunidade para os produtores de produzir bens mais ricos, do ponto de vista ambiental e do ponto de vista da saúde”, adiantou hoje o secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte.
O governante falava, em Angra do Heroísmo, à margem da apresentação da Estratégia para o Desenvolvimento da Agricultura Biológica e do Plano de Ação para a Produção e Promoção de Produtos Agrícolas Biológicos da Região Autónoma dos Açores, publicados hoje em jornal oficial, após um período de consulta pública.
Ao todo, são 15 as metas definidas pelo plano, elaborado por um grupo de trabalho composto não só por técnicos do Governo Regional, mas também por investigadores da Universidade dos Açores e membros de cooperativas agrícolas.
Entre as principais metas destaca-se a duplicação da área de produção biológica, não só nas culturas vegetais, como na pecuária e na apicultura, o incremento do consumo destes produtos, a triplicação da oferta formativa e o aumento da investigação.
De acordo com dados divulgados no documento, em 2016, a agricultura em modo biológico já atingia mais de 660 hectares em quatro ilhas dos Açores (São Miguel, Terceira, São Jorge e Faial).
“A agricultura biológica nos Açores já começou a dar passos muito significativos ainda antes de surgir este plano. O Governo está convencido de que este plano dará um contributo importante para o crescimento da agricultura no futuro”, frisou João Ponte.
O plano prevê, entre outras medidas, majorações de apoios para a produção biológica, a realização de estudos, em colaboração com a Universidade dos Açores, e a criação de manuais técnicos especializados e de um portal online para a agricultura biológica.
Estão previstas também campanhas publicitárias e ações de sensibilização, a distribuição de produtos biológicos nas escolas e a criação de incentivos para o uso destes produtos na hotelaria e na restauração.
Segundo o secretário regional da Agricultura, em 2019, já foram introduzidas algumas majorações para a agricultura biológica no POSEI (Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade nas Regiões Ultraperiféricas) e o mesmo será feito em 2020.
“No próximo quadro [comunitário] de apoio será dada uma atenção especial a este modo de produção”, frisou, acrescentando que os Açores têm condições edafoclimáticas favoráveis à agricultura biológica.
Na ilha Terceira, a cooperativa Bioazórica passou, em oito anos, de dois para mais de 50 produtores.
“Nós, no ano passado, entrámos nas grandes superfícies. O mercado está muito disponível porque está muito atento às novas oportunidades de consumo e às tendências e a agricultura biológica é uma referência”, salientou Mónica Rocha, presidente da cooperativa.
Ainda este ano, será também lançada uma marca de leite biológico produzido na Terceira, num projeto que envolve oito produtores.
“A agricultura biológica a nível mundial tem tido um crescimento muito acelerado e acho que era importante os Açores entrarem neste este caminho”, defendeu, Anselmo Pires, presidente da Associação de Jovens Agricultores Terceirenses (AJAT).