"O anuncio do presidente do Governo Regional é bem revelador da falta de rumo e desorientação do governo na gestão do setor público empresarial regional", declarou o dirigente social-democrata aos jornalistas.
O Governo dos Açores anunciou na segunda-feira que vai reduzir a sua participação direta e indireta em empresas e associações, no âmbito de uma reforma do setor público empresarial regional que inclui a extinção de empresas, entre elas a Saudaçor.
Segundo o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, a reforma abrange 17 empresas no total.
"Esta reforma engloba diversas soluções contemplando, nuns casos a extinção de empresas, conjuntamente com um processo de internalização de serviços e de recursos humanos, noutros a alienação da participação total ou parcial da região e, noutras ainda, a desvinculação de associado", explicou na altura o presidente do Governo dos Açores.
António Viveiros recordou, em conferência de imprensa realizada em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, que o programa do Governo dos Açores fixou em 2012 como objetivo reduzir o setor público empresarial regional, "nada tendo sido cumprido durante a legislatura".
Já em 2016, o programa do executivo socialista "deixou cair essa promessa" e, "ainda há menos de três meses", o Governo dos Açores e o PS "rejeitaram, durante o debate parlamentar do Orçamento para 2018, duas propostas para a extinção" das empresas Sociedade de Promoção Reabilitação de Habitação e Infraestruturas SA (SPRIH) e a Saudaçor – Sociedade Gestora de Equipamentos e Recursos de Saúde nos Açores.
De acordo com o deputado social-democrata, está-se perante um executivo "aos ziguezagues e sem estratégia", recordando que Vasco Cordeiro, que fundamenta a sua proposta com a situação económica favorável, já em 2012, "na fase aguda da crise", também tinha este como "objetivo do Governo".
O porta-voz da Economia, Emprego e Finanças referiu que, contrariamente ao que afirma o presidente do Governo Regional, as empresas públicas "acumulam prejuízos atrás de prejuízos", sendo que, sem a EDA – Eletricidade dos Açores, em 2016 o setor público empresarial regional "tinha capitais próprios negativos".
Só o setor da saúde e o grupo SATA "tinham capitais negativos superiores a 350 milhões de euros", disse.
Para o social-democrata, a decisão do Governo Regional de promover esta reforma no setor prende-se com a criação da comissão parlamentar de inquérito ao setor público empresarial regional.