Sabrina Furtado, que confirmou que o PSD/Açores não vai fazer campanha eleitoral para as europeias, declarou que a "defesa dos superiores interesses dos Açores está acima de tudo" e "só depois" surge o partido.
A dirigente promoveu hoje uma conferência de imprensa em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, para apresentar as conclusões da reunião da Comissão Permanente do PSD/Açores.
Para a secretária-geral social democrata, a haver processo disciplinar por parte do líder do PSD, Rui Rio, um só não bastará: "terão de ser dezenas de processos disciplinares a dirigentes do PSD/Açores, porque estamos juntos".
De acordo com Sabrina Furtado, ao não integrar Mota Amaral em lugar elegível na lista do partido para o Parlamento Europeu, Rui Rio promoveu um "declarado e consciente ataque à autonomia dos Açores".
O líder nacional queria que o fundador do PSD e antigo presidente da Assembleia da República figurasse em oitavo lugar na lista, posição que, a avaliar pelas sondagens, não será elegível.
Mota Amaral e a estrutura regional do PSD recusaram aceitar o lugar indicado por Rui Rio e os Açores não indicaram nenhum outro nome para a lista nacional, o que acontece pela primeira vez em cerca de 30 anos.
Tradicionalmente, tanto o PS como o PSD asseguram lugares elegíveis para os Açores, mas desta vez o socialista André Bradford será, ao que tudo indica, o único com origem na região com assento no Parlamento Europeu.
Sabrina Furtado referiu que o líder nacional do partido ao afirmar que "esta lista tem todas as regiões do país representadas", desde o norte, ao centro, ao sul, autarcas sociais-democratas, TSD e JSD, "deixou claro o respeito que tem pelas ilhas, em especial pelos Açores".
Considerando que o PSD "não começa, nem acaba com Rui Rio", nem a defesa dos Açores "começa ou acaba nas eleições europeias", a dirigente acrescentou que o partido nos Açores está a trabalhar para avançar com a proposta de criação de um círculo eleitoral dos Açores ao Parlamento Europeu, que deve contemplar, pelo menos, dois eleitos pela região.
Os sociais-democratas açorianos pretendem que, desta forma, "no futuro, nenhuma estrutura de qualquer partido" na região tenha que "andar de mão estendida à boa vontade de Lisboa ou Porto".
Hoje, em coluna de opinião publicada na imprensa açoriana, Mota Amaral acusou a direção nacional do partido de lançar "borda fora" um "compromisso estrutural e histórico" com as autonomias dos Açores e da Madeira.
"O presidente do PSD, quando se deslocou aos Açores, na fase de campanha para as eleições internas para a liderança, expressamente respondeu, em sessão pública, que manteria a tradição de haver um candidato dos Açores em posição elegível na lista para o Parlamento Europeu. A sua credibilidade política fica assim debilitada perante os militantes, simpatizantes e potenciais eleitores do PSD na Região Autónoma dos Açores", sublinhou o histórico social-democrata.