Geoparque Açores em 5 minutos
A conservação geológica, a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável do Geoparque Açores.
A conservação geológica, a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável do Geoparque Açores.
O Vulcão da Caldeira do Faial corresponde a um grande edifício vulcânico central, que ocupa a maior parte da área da ilha. É um vulcão poligenético que se formou na sequência de numerosas erupções, intercaladas com períodos de acalmia, ao longo dos últimos 400 mil anos. Este vulcão apresenta uma grande depressão no topo, com cerca de 2 km de diâmetro, a Caldeira - que exibe no interior um pequeno cone piroclástico, um domo traquítico (a Rocha do Altar) e uma zona alagada de regime intermitente. Esta zona húmida constituiu outrora uma lagoa, que foi drenada em 1958 na sequência da atividade sísmica associada à erupção dos Capelinhos, dando origem a uma erupção hidromagmática no interior da Caldeira. O termo "Caldeira" é utilizado em geologia para designar as depressões vulcânicas de grande dimensão implantadas no topo de edifícios vulcânicos principais, isto é, de vulcões poligenéticos. Estas depressões incluem frequentemente diversos elementos de geodiversidade relevantes - como lagoas, cones e domos intra-caldeira, como é efetivamente o caso desta Caldeira. É a caldeira mais jovem do arquipélago, a sua última fase de abatimento aconteceu há cerca de 1000 anos. Ao nível da flora destacam-se espécies como o cedro-do-mato, trovisco-macho, sanicula azorica, alfacinha e a labaça das-ilhas (rumex azoricus). A avifauna integra subespécies endémicas dos Açores como o tentilhão, a toutinegra dos Açores e o milhafre. Salienta-se ainda a presença do gorgulho, um artrópode endémico exclusivo da Caldeira do Faial. No bordo Sul da Caldeira está o ponto mais alto da ilha - o Cabeço Gordo, a 1043 metros, de onde é possível desfrutar uma paisagem ímpar do Faial e ilhas vizinhas. O acesso ao interior da Caldeira do Faial está condicionado pela Portaria n.º 68/2018, de 21 de junho, mas é possível percorrer o perímetro desta reserva através do trilho da Caldeira (PRC04FAI). Esta área integra a Rede Natura 2000, está classificada como Sítio Ramsar ao abrigo da Convenção Ramsar e é um geossítio do Geoparque Açores, com relevância nacional e significativo valor científico, pedagógico e turístico.
O Monte Brasil, na ilha Terceira, corresponde a um cone de tufos surtseiano, formado por uma erupção vulcânica submarina de natureza basáltica em águas pouco profundas. Este tufo exibe inúmeros, perfeitos e bem conservados, fósseis de moldes de vegetação existente à data da erupção, que ocorreu há vários milénios. O Monte Brasil é o maior cone de tufos dos Açores e forma uma península com cerca de 1,4 km2, ladeada por duas baías: a de Angra, a Leste e a do Fanal, a Oeste. A chamada cratera está rodeada por quatro elevações: os Picos das Cruzinhas, do Facho, da Vigia da Baleia e do Zimbreiro. Este é um ótimo miradouro sobre a cidade de Angra, zona sul da Terceira e ilhas vizinhas. O local proporciona diversas atividades de lazer, como caminhadas, passeios de bicicleta e visitas a vários pontos de interesse turístico e histórico-cultural, como é o caso da Fortaleza de São João Baptista a muralha que circunda o cone, o Pico das Cruzinhas ou Ermida de Santo António.
A Caldeira da Graciosa, com um diâmetro máximo de 1,6 km, corresponde a uma depressão vulcânica implantada no topo do mais pequeno estratovulcão dos Açores. O flanco sudoeste do vulcão exibe dois domos traquíticos, um dos quais alimentou a espessa escoada que se desenvolve encosta abaixo. No subsolo surge a magnífica Furna do Enxofre, uma cavidade vulcânica ímpar, de teto em abóbada perfeita, 194m de comprimento e 40 m de altura na parte central. A sua génese está associada à formação de um lago de lava no interior da caldeira, que transbordou para noroeste, tendo originado outras grutas como é o caso da Furna da Maria Encantada. No interior - uma lagoa de água fria e um campo fumarólico, com emissões de dióxido de carbono cujas concentrações são monitorizadas em tempo real. Este é um dos principais geossítios dos Açores, com relevância internacional e valor científico, pedagógico e turístico. Corresponde também à zona núcleo da Reserva da Biosfera da ilha Graciosa - potenciando sinergias e ações de conservação. Vale a pena visitar o Centro de Visitantes da Furna do Enxofre.
O Vulcão das Furnas, na ilha de São Miguel, corresponde a um grande edifício vulcânico (vulcão poligenético), formado por numerosas erupções, intercaladas com períodos de acalmia, ao longo dos últimos 800 mil anos. Apresenta uma grande depressão no topo, uma caldeira com 8 km por 5,6 km de diâmetro e engloba uma importante geodiversidade. Destaca-se a Lagoa das Furnas; diversos pequenos vulcões ou vulcões monogenéticos (como cones de escórias, anéis de tufos e domos, como os do Pico do Ferro); campos fumarólicos e uma grande variedade de nascentes de águas minerais e termais, por isso é considerada a "hidrópole" das Furnas - a maior hidrópole da Europa (...). É o geossítio açoriano terrestre de maior relevância internacional e apresenta um significativo valor científico, pedagógico e turístico. Neste local, existem diversas manifestações geoculturais seculares, fortemente enraizadas na população e transmitidas aos visitantes como é o caso do Cozido das Furnas (feito no solo quente do vulcão), os banhos termais em poças ou piscinas, o uso de lamas vulcânicas em tratamentos diversos e a utilização de águas com diferentes características minero-medicinais, incluindo as conhecidas "águas azedas". A Caldeira Vulcão das Furnas, enquanto geossítio, está associada ao Centro de Interpretação Ambiental das Furnas, e tem como parceiros o Restaurante Caldeiras e Vulcões, Azores Essentials e a Queijaria Furnense.
A Dorsal Atlântica e Campos Hidrotermais é o geossítio de maior valor científico e relevância internacional do Açores Geoparque Mundial da UNESCO. O conceito geossítio aplica-se a elementos do património geológico, bem delimitados geograficamente e constituem uma ocorrência com reconhecido valor científico face à envolvente. Apresentam determinado tipo de interesse - pode ser pedagógico, cultural, estético, económico ou turístico. Os Açores apresentam uma vasta e rica geodiversidade e um importante património geológico, composto por diversos locais com interesse científico, pedagógico e turístico. O Geoparque Açores assenta numa rede de geossítios dispersos pelas nove ilhas e área marinha envolvente, são representativos da geodiversidade que caracteriza o território e traduzem a sua história geológica e eruptiva. Neles são aplicadas estratégias de conservação e promoção concertadas. A Dorsal Atlântica ou Crista Médio Atlântica é o mais extenso vale de rifte do mundo, com cerca de 16 000 km de extensão. É uma zona sísmica e vulcanicamente ativa que está associada à formação do Oceano Atlântico e à sua expansão, que acontece à média de dois centímetros por ano. Nos Açores, esta extensa cadeia montanhosa submarina está implantada entre os grupos ocidental e central (115 km para oeste dos Capelinhos), entre os 840 e os 3000 metros de profundidade. Sensivelmente perpendiculares à dorsal existem falhas e fraturas por onde ascenderam magmas, que contribuíram para a formação das ilhas dos Açores. Associadas a esta dorsal, existem algumas zonas hidrotermais de grande profundidade (zonas dos fundos marinhos onde há libertação de fluidos quentes ricos em minerais dissolvidos), como o campo Lucky Strike ou o Menez Gwen. Este é o geossítio de maior valor científico e relevância internacional do Geoparque Açores, pois constitui uma importante estrutura tectónica à escala global, com interesse também para a biologia, biotecnologia e medicina.