"Nesta altura, tem-se como objetivo o abate entre 100 a 150 embarcações do segmento da frota dos nove metros e lançar 1.000 pescadores no desemprego. Oferece-se 30.000 euros pelo abate, precisamente por aqueles que são menos dilapidadores, pois são de frota local, ficando os grandes mais uma vez protegidos", adiantou Luís Carlos Brum, da direção do sindicato, em comunicado de imprensa.
O presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, disse a 13 de março que seriam reservados mais de meio milhão de euros para incentivar os pescadores da região a abandonar a atividade, devido ao excesso de profissionais que existe no setor.
O sindicato acusou, no entanto, o executivo açoriano de ter investido "anárquica e exageradamente" na criação de uma "frota pesqueira supradimensionada", que dizem ter dilapidado os recursos piscícolas dos Açores e ter posto em causa a sustentabilidade do setor, "com a agravante da abertura a estrangeiros da Zona Económica Exclusiva dos Açores".
"Não se assumem, nem apuram responsabilidades desta política falaciosa?", questionou Luís Carlos Brum, manifestando a "completa rejeição" do sindicato ao plano de reestruturação.
Segundo o dirigente sindical, "é fulcral apresentar um caminho credível e convincente de profissões alternativas à pesca", mas também é preciso não esquecer que "a pesca tem uma cultura à qual os homens do mar estão arreigados".
"Sem peixe, não há pesca. Sem pescadores e embarcações também não há pesca. O mar é de todos. E não apenas de alguns", frisou.
O Sindicato Livre dos Pescadores, Marítimos e Profissionais Afins dos Açores defendeu um reforço de formação para a sensibilizar os pescadores para uma pesca responsável, mas também a "implementação de contratos de trabalho e renumerações dignas, transformando pela positiva um sistema de retribuição caduco e ultrapassado e que origina grandes desigualdades sociais".
Na semana passada, o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores, Gui Meneses, criticou o "alarmismo" gerado em torno do plano de reestruturação, alegando que para além do reajustamento da frota contempla medidas de promoção da criação de emprego.
"Este reajustamento da frota é um processo gradual, não é um processo brusco. Não vamos pôr centenas de milhares de pessoas no desemprego. É um processo gradual que vai inicialmente afetar poucos trabalhadores", frisou Gui Meneses, na passada sexta-feira, à margem da sessão de encerramento do Fórum Internacional Socioeconómico das Pescas, que decorreu na Praia da Vitória.