"Já correu mais do que tempo para encerrar o inquérito, dando acusação e levando o caso a julgamento, se para tal houver indícios, ou mandando arquivá-lo definitivamente. Este assunto não diz respeito apenas a Carlos César e família. Tal como se configura, toca-nos a todos nós, cidadãos e açorianos. As entidades judiciais competentes devem-nos uma explicação!", declara Mota Amaral no seu habitual artigo de opinião publicado nos jornais diários de Ponta Delgada.
Segundo noticiou na semana passada o Correio da Manhã, Carlos César e o seu filho, o deputado do PS/Açores Francisco César, estarão a ser investigados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Ponta Delgada, algo de que ambos declaram não ter conhecimento.
Questionada pela Lusa, a Procuradoria da República da Comarca dos Açores confirmou que está a decorrer o inquérito.
"Confirma-se a existência do inquérito (…), o qual se encontra em investigação, sem arguidos constituídos e sujeito a segredo de justiça", indicou aquela comarca.
Em causa estarão suspeitas de irregularidades em negócios entre o Governo Regional dos Açores – que foi presidido por Carlos César entre 1996 e 2012 – e empresas privadas, no que se refere à atribuição de subsídios públicos, segundo o Correio da Manhã.
O inquérito, diz ainda o diário, terá sido aberto em julho de 2017.
Mostrando-se solidário com o seu sucessor na governação regional, Mota Amaral considera que "corre uma campanha de descrédito deveras repugnante" contra o atual presidente do PS e presidente honorário do PS/Açores, referindo que "acusá-lo de comportamento impróprio em matéria de dinheiros é gravíssimo para a credibilidade das instituições democráticas açorianas".
"Acresce que, ao que se diz, o processo em que o seu nome aparece foi aberto a partir de uma denúncia anónima. Ora isso pode ser ou é mesmo legal e até comum; mas causa-me uma intensa repulsa, por corresponder a um retrocesso civilizacional, que evoca os negros tempos da Inquisição e, mais próximo de nós, da PIDE. As cartas anónimas que recebi, quando fui presidente do Governo, foram logo para a máquina de picar papéis, sem sequer serem lidas! E julgo que assim se deveria continuar a fazer", afirma Mota Amaral.
Mota Amaral destaca que o "processo de inquérito foi aberto em 2017 e tem estado em segredo de justiça até agora", o que lhe parece "totalmente inadmissível", uma vez que se "trata de uma pessoa politicamente exposta, tendo exercido e exercendo ainda altos cargos de Estado".