"As partes inclusivamente tiveram acordos firmados só à espera da outra parte (Atlânticoline) redigir o documento para as partes assinarem e ficou a Atlânticoline de nos enviar, quando isso é remetido para o gabinete jurídico, naturalmente da Atlanticoline, para nossa surpresa é-nos dito que afinal aquele acordo já não é possível", adiantou Clarimundo Batista, em declarações à agência Lusa.
O coordenador regional do SIMAMEVIP refere que o acordo foi quebrado por indicação do departamento jurídico da Atlânticoline e acusa a empresa de não querer assumir que "aceita todas as propostas do sindicato" e, "naturalmente", houve um recuo nesse acordo.
"Há aqui o fator psicológico, a outra parte não cede às exigências do sindicato por achar que o sindicato ficará com a razão", considerou, lembrando que já hoje, no decorrer da greve, houve uma "contraproposta" que a empresa voltou a recusar.
Clarimundo Batista assume, no entanto, que "houve uma série de condições" e "exigências" por parte da Atlânticoline que foram "impeditivas do fecho do acordo" e que levaram a uma "adesão total" dos marinheiros ao primeiro período de greve que arrancou este domingo e termina às 24:00 horas (01:00 em Lisboa) na próxima quarta-feira.
O Sindicato refere-se a "um novo sistema de avaliação e progressão de carreiras" que a Atlânticoline "quer impor", lembrando que "o pessoal de bordo já é avaliado no âmbito do sistema de gestão da segurança".
"A avaliação de desempenho foi claramente (um fator) impeditivo de fechar o acordo porque nós entendemos que depois, no futuro, há fatores que discriminam os próprios trabalhadores", disse.
Num comunicado enviado este domingo às redações, o SIMAMEVIP rejeita que "as futuras remunerações" dos trabalhadores dependam dos "resultados líquidos positivos da empresa no ano anterior" e lembra que "o resultado da gestão só à própria empresa deve ser imputado".
"Se os senhores administradores da Atlânticoline aceitaram para si assinar um contrato de gestão com objetivos pelos quais se responsabilizam, do qual dependem as suas remunerações ou parte delas é um problema a que os trabalhadores são alheios e que não aceitam para si próprios", lê-se ainda no comunicado.
A Atlânticoline está assim a cumprir os serviços mínimos fixados pelo Tribunal Arbitral com a realização, na linha azul, de duas viagens diárias Horta/Madalena/Horta às 7:30 (8:30 em Lisboa) e 17:15, e uma terceira ligação às 20:15 nos dias em que existe esta ligação.
Na linha verde, que assegura a ligação entre Horta, Madalena e Velas, será feita apenas uma viagem diária com partida da cidade da Horta às 18:45 horas.
O pré-aviso lançado pelo sindicato coincide com as Festas do Espírito Santo (20 a 23 de maio), a Semana Cultural das Velas (05 a 08 de julho), as Festas da Madalena (20 a 22 de julho), o Cais Agosto (27 a 29 de julho), as Festas do Senhor Bom Jesus Milagroso (06 de agosto) e a Semana do Mar (10 a 12 de agosto), num total de 18 dias de greve.
Clarimundo Batista admite que, apesar de se manterem os pré-avisos de greve, o SIMAMEVIP está ainda disponível para novas "negociações" com a administração da empresa pública de transporte marítimo de passageiros e viaturas nos Açores.
"Nós nunca dissemos, nem faz parte da nossa maneira de ser romper as negociações, mas uma vez que a empresa disse que só voltaria à mesa das negociações se se suspendesse a greve, naturalmente o ónus fica lá (na Atlânticoline)", sublinha.